Após 20 anos usando drogas, ex-morador de rua se torna professor universitário

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em Inspiradoras

Foi uma longa e difícil jornada para o ex-usuário de drogas, morador de rua e detento, chamado Anthony Brown. Por mais de 20 anos, essa foi a realidade de Brown, que atualmente vive na Califórnia (EUA), mas agora, o americano traça uma nova e renomada história como professor universitário e enfermeiro psiquiátrico, como contou em entrevista à jornalista Jo Fidgen, do programa de rádio Outlook, da BBC.

Para fugir dos abusos psicológicos e físicos sofridos por parte da mãe que era alcoólatra, Brown saiu de casa com 14 anos. A partir desse momento, o jovem passou por muitas dificuldades e acabou se aproximando ainda mais do álcool e das drogas.

“Eu venho de uma família pobre, e a gente acordava no meio da noite para assaltar a geladeira, e certa noite, por algum motivo fomos até a sala e encontramos minha mãe lá, deitada no chão sobre uma poça de sangue e massa cinzenta. Minha memória apagou, e a próxima coisa que me lembro depois disso é dela com um curativo na cabeça”, relembra.

Foi um longo trajeto para Brown que por muito tempo viveu na rua, em residências abandonadas e chegou até mesmo a dormir embaixo de um brinquedo de um parque de diversão que ele operava durante o dia. Depois de certo tempo, Brown conseguiu um emprego em uma lanchonete, onde ele fazia suas refeições, e usava todo o seu dinheiro para comprar drogas.

O jovem passou a roubar dinheiro do estabelecimento e antes que pudesse ser descoberto, pediu transferência. No novo local, além de roubar dinheiro, ele passou a usar o estabelecimento como ponto de venda de drogas. Como o gerente era usuário de cocaína, os dois acabaram se aproximando e foram morar juntos.

No entanto, logo os ânimos mudaram e o gerente acusou Brown de ter roubado drogas no apartamento. O homem acabou expulsando e demitindo Brown no mesmo instante, fazendo com que, novamente, ele fosse parar nas ruas.

Logo, ele recebeu uma notícia avassaladora: a morte da sua mãe, vítima de câncer.

“Naquela época, eu estava fora de casa há uns 12 anos ou algo assim, sem nenhum contato com a minha família. Eu estava tão embriagado, tão chapado. Eu realmente não sentia nada. Só sabia que você devia comparecer ao funeral da sua mãe, e foi isso que eu fiz”, relata.

Brown deu continuidade ao tráfico, o que lhe rendeu em várias prisões, a maioria temporária. Ele vendia droga no mesmo ponto diariamente, era preso, depois solto e retomava a função.

“Depois que minha mãe morreu, nada mais importava”, diz ele.

As prisões eram feitas quase sempre pelo mesmo policial, que acabou sendo o responsável por ajudar Brown a transformar sua vida.

“Depois provavelmente da quarta vez que eu tinha sido preso, o policial me prendeu novamente e perguntou se eu queria ajuda. Eu disse a ele que sim. E ele me apresentou a uma senhora que tinha um centro de reabilitação”, conta.

Foi em 1999 que Brown deu início ao ponto de partida para uma nova vida. Longe das drogas e com o apoio de pessoas que acreditaram na sua transformação, Brown retomou os estudos, terminou o ensino médio e ingressou em uma universidade. Lá, ele se formou em enfermagem, cuja profissão também foi exercida pela sua mãe.

Apesar das dificuldades, Brown conseguiu se reconstruir como cidadão e depois de muito hesitar, decidiu tornar a sua história pública através das páginas do livro ‘From Park Bench to Park Avenue’ de sua autoria.

O dinheiro das vendas está sendo utilizado para criar um espaço para reabilitação de moradores de rua com transtornos mentais e vício em álcool e drogas. Brown até já comprou um casarão antigo em Ohio que está sendo reformado para ser usado como sede da futura ‘Brown Manor’.

“É um lugar onde pessoas que estão perdidas, marginalizadas e solitárias poderão encontrar um espaço seguro para restaurar suas vidas. A casa está sendo restaurada, assim como minha vida também foi”, concluiu.
Jovem (mais na idade do que na postura), curiosa (quem, o quê, onde, como, quando e por quê), analítica (sempre em busca de respostas), e estudante de jornalismo. Com sede de conhecimento, tem calafrios de rotinas monótonas e repetitivas. É ainda, inconformada com mais do mesmo, buscando dessa forma, descobrir o seu lugar no mundo. Prazer, sou Ana Caroline Haubert, gaúcha lá de Passo Fundo. Sugestões, críticas, pautas e opiniões são bem-vindas no meu email: [email protected]